Rita já sabia quase todos os segredos da escola; os restantes segredos não eram tão interessantes. Agora, ela estava quase sempre sozinha a ouvir música em cima do Cravel, a passear o Pepe. Ela gostava de passear ao por do sol, pelo terreno do orfanato, pois era enorme; geralmente só andava por ali.
Rita queria uma amiga! Mas que fosse como ela, porque não tinha grandes amigas ou amigos: era diferente das outras pessoas. Ela tinha tido oportunidades de se tornar popular, mas não as tinha aproveitado.
Naquele dia, tinha acabado de contornar a esquina que dava para o portão do orfanato, quando, de repente, viu uma Vigilante a correr e perguntou:
– Porque está a correr?
Ela respondeu apressadamente:
– A Chefe desmaiou!
– O quê?
A Vigilante respondeu:
– Ela desmaiou nas traseiras, a despejar o lixo!
Rita correu imediatamente para as traseiras. Quando chegou, viu a ambulância e um monte de pessoas à volta da Chefe. Rita aproximou-se o mais possível:
– O que se passa, Vanda?
– Eu não sei! Ela caiu não sei porquê!
Os enfermeiros agarraram-na, puseram-na na ambulância e partiram a acelerar com os alarmes ligados. Rita não pôde fazer nada… Tentava não chorar, enquanto a Chefe Mariana era levada, mas era difícil, sentia como um peso enorme sobre si. Voltou o rosto para baixo, a olhar para o Pepe; neste momento parecia ser o seu único amigo.
(Continua)
Vasco E, 7B