A Cave – II

German soldier carrying ammunition forward during the German counteroffensive, in the Belgium-Luxembourg salient. January 2, 1945.

Jared Enos via Compfight

Duas Semanas Depois

     A força alemã estava a ficar cada vez menos forte na França, muitos soldados tinham sido enviados para os campos de batalha na Rússia, mas mesmo assim, ainda se sentia.

      Enquanto eu me perdia nos meus pensamentos sobre a derrota dos Alemães, entraram pela porta e alojaram duas balas no crânio do pai de James; os quatro separaram-se pela casa e só um veio cá abaixo à cave. Nós não tivemos tempo de nos esconder, mas, quando olhamos para o soldado, era o meu irmão!

     Ele nunca tinha sido muito de religião e por isso consegiu safar-se da morte, mas foi depois capturado e obrigado a ser soldado pelos alemães. Todos  congelamos, não podíamos acreditar.

     Não houve tempo para abraços, porque os companheiros do meu irmão já estavam a perguntar se era preciso descer para ajudar. Ele gritou que não e, rapidamente, tirou  a pólvora quase toda de quatro ou cinco balas e explicou-nos que só ia doer um bocado, devido à falta de pólvora e que,  assim, nós podíamos parecer mortos e depois só tínhamos que tirar as balas do peito.

      Era costume os soldados deixarem os corpos onde os matavam. Ele pediu-nos desculpa e, quase a chorar, disparou uma bala no peito de cada um. Realmente, só doera, nem nos tinha atirado ao chão.

      Os companheiro desceram as escadas apressadamente e viram-nos no chão, onde já nos tínhamos deitado para fingir de mortos. Eles limitaram-se a dizer “Bom trabalho” e a subir de volta as escadas.

     Depos de ourvirmos a porta da casa a bater, esperamos um pouco, levantamo-nos e fomos buscar o kit médico do pai de James. Tiramos as balas,  desinfetamos as feridas e pusemos ligaduras.

     James estava desaparecido, mas depois desceu à cave e contou-nos tudo sobre como se tinha escondido. Contamos-lhe o que acontecera ao pai e quebrou em lágrimas com a notícia.

     Pouco tempo depois,  a guerra acabou e pudemos sair da cave.

(4º TS de Português) Rodrigo L, 8B

A Cave – I

Masses / Quadrature (DE)

Ars Electronica via Compfight    

      Lá estava eu, escondido numa cave de um amigo da escola. O pai dele tinha-nos deixado esconder ali, até ao fim da guerra. Depois do recolher obrigatório (1),  o meu amigo James descia até à cave, com comida, os livros da escola  e brinquedos. Ele ensinava-me o que tinha aprendido, jogávamos com soldados  e fingíamos que os Ingleses e Americanos começavam a conquistar território aos alemães. Mas depois  lembrávamo-nos sempre dos submarinos alemães (2) que afundavam os barcos americanos que traziam armas, comida e outros mantimentos que eram necessários lá em França.

        Um dia, enquanto brincava com o James aos soldados, a Militia (3) entrou pela porta: agarraram no pai de James e começaram a interrogá-lo. Aparentemente havia suspeitas de judeus e, se nos encontrassem, matar-nos-iam  a sangue frio. Estes eram as pessoas que não tinham qualquer problema em matar quem quer que fosse. Eles dirigiram-se à porta da cave, mas eu, a minha mãe, a minha irmã e o meu pai já tínhamos descoberto sítios perfeitos para nos escondermos. Fizeram uma revista ao de leve, empurraram umas caixas, olharam por um bocado, mas depois foram-se embora. A Cave providenciava muitos esconderijos devido à sua dimensão e à quantidade enorme de caixas.

      Algum tempo depois, as tropas alemãs tinham começado a perder território na Rússia e o Reino Unido estava a conseguir, aos poucos, entrar na Europa. Muitos espiões  entravam por Portugal, mas a maior parte eram mortos pouco depois de entrar na Alemanha, devido a serem descobertos. 

     (1) Em França, enquanto foi dominada pelos Alemães, existiram horas de recolher obrigatório.

     (2) Estes submarinos patrulhavam o oceano Atlântico e afundavam qualquer navio americano que tentasse aproximar-se da Europa.

     (3) Polícia francesa que fazia todo o trabalho sujo que a polícia normal não conseguia; trabalhavam a favor dos Alemães.

(Continua)

(3º TS de Português)      Rodrigo L, 8B