Uma tarde ainda fresca de Primavera, pelas quatro da tarde, Rita estava sentada num banco, à sombra de um pinheiro, com as poeiras da Primavera a cair à sua volta, no parque enorme e cheio de arbustos.
Dali podia ver tudo o que se passava no orfanato: as colegas a passearem de um lado para o outro, as vigilantes a discutirem, um grupo de miúdas a conversarem, até via o quarto de uma rapariga, no 1º andar, através de uma janela que tinha ficado aberta para deixar entrar o ar fresco.
Nessa tarde, Rita estava a misturar músicas no telemóvel, com a aplicação Beat Rock, quando apareceu uma rapariga que lhe disse:
– Olá, chamo-me Luisinha. Importas-te que me sente aqui? Rita tirou os fones e perguntou:
– Desculpa, estavas a falar comigo? Não te conseguia ouvir.
– Chamo-me Luisinha. Posso-me sentar? – repetiu ela.
– Se quiseres. – Rita pensou que ela poderia ser sua amiga.
– Como te chamas? – Perguntou Luisinha.
– Chamo-me Rita. Não te costumo ver por aqui.
– Isso é porque não conheço muita gente.
– Eu também não. – respondeu a Rita.
– Rita, o que estás a ouvir? – Quis saber a Luisinha.
– Estou a armar-me em Hardwell.
As duas riram-se.
A Luisinha era morena, com o cabelo castanho; sem borbulhas, nem sardas, via-se que tratava da sua pele; os seus olhos eram castanhos. Ao contrário do cabelo da Rita, o seu era ondulado e escuro, enquanto o da Rita era liso e castanho claro e brilhava à luz do Sol.