Futuro Vivo: Família, Solidariedade e Aventura

 areal onde está inscrito um cora ção imenso, mar azul ao fundo   Photo by Khadeeja Yasser on Unsplash 

     Um momento único na Páscoa 2018 foi estar com a minha família da parte do Pai, em Óbidos; no sábado de Páscoa, almocei com a minha Família paterna, e no Domingo de Páscoa, almocei com a Família do lado da Mãe. Estes momentos marcam-nos porque estamos em Família; daqui a alguns anos podem alguns membros ter morrido e sermos menos.

     O que mais gosto é de passar tempo com a minha Família, estar com as minhas primas. Gosto de ir para o Algarve no verão, porque os meus pais têm lá imensos amigos e os filhos deles são nossos amigos. Na Praínha, temos segurança, andamos todos juntos e fazemos imensas coisas!

      No CSV, já sei que vou para Inglaterra, New England! Fui sorteada por números. Vou de avião e, primeiro, aterro em Londres.

      A Solidariedade é ajudar os outros nos momentos precisos. Uma experiência vivida de solidariedade é Festa da Comunidade Educativa dos Colégios Amor de Deus, em que se ajudam as pessoas de outros países e pessoas que precisam, através do dinheiro recebido: nas atividades, no Sarau, quando se entra, tem de se pagar para ir ver; no sábado, numa sala da Pré, também fazem um bar que vende comidas, bebidas e rifas.

     Imagino o futuro do mundo muito mais avançado do que agora, vão-se inventando e teremos mais tecnologias, poderemos melhorar o ensino, diminuir a poluição.

     Podemos contribuir para um mundo melhor no sentido dos valores: as pessoas pensem melhor antes de agir; serem melhores enquanto pessoas; se, por exemplo, alguém está a falar e outro diz uma coisa má e começam a gritar… Em vez disso, podem falar normalmente. Com isto, acho que as pessoas podem ser também mais solidárias umas com as outras.

Carminho S, 6A

Os Nossos Valores – Adaptado de Prof Maurice Elias

Sobre o Autor que inspirou esta proposta de escrita reflexiva: Maurice J. Elias of Psychology, Director, Rutgers Social-Emotional and Character Development Lab (www.secdlab.org), Director, the Collaborative Center for Community-Based Research and Service (engage.rutgers.edu)@SELinSchools

Viver os Valores

Será?

One from All

Creative Commons License Lihoman… via Compfight

     O bem e o mal são dois conceitos diferentes; tão diferentes, que por vezes os extremos se tocam.

    Não existe gente muito má, não existe gente muito boa, nem existe gente má, nem existe gente boa. Existe gente; existe gente e muita gente.

     Existem 7 mil milhões de pessoas; existem pessoas felizes, existem pessoas tristes. Não existem pessoas más, não existem pessoas boas, cada caso é um caso.

    Acho que bom e mau são qualificações primitivas. O que é uma pessoa má? Será mau para ti, mas bom para mim? Será mau, pois é diferente.

    Qual o problema da diferença? Qual o problema de haver outros estilos?

    Será que nós, humanos, nos sentimos mais seguros a ofender? Será que a ofensa é uma forma de aumentar a nossa pequena e melancólica vida?

    Será que um pôr do sol é apenas um pôr do sol e que este texto é só tinta no papel, será?

      Sim, será para quem não varia, para quem tem medo de variar, e não acredita nem em magia nem em milagres?

     Será?

Vasco S, 7A

Perguntas para Pensar

Original Acrylic Abstract Painting on Canvas Panel "S8 XXIV"

Carl Dunn via Compfight

Que idade teria se não se soubesse a sua idade?

C – Eu acho que tinha 13, 14 anos, porque olhava para o meu corpo e sentia que tinha essa idade.

Se pudesse enviar uma mensagem a um grande grupo de pessoas, o que lhes diria?

C – Eu diria um simples olá e dois emojis a rirem-se para eles se sentirem mais contentes durante o dia. Diria muitas coisas: como defender uma pessoa de  quem ninguém gosta, diria tudo.

É possível mentir sem dizer uma palavra?

C – Eu acho que é possível, pelo olhar e os outros sentidos, porque as palavras não são o único meio com que podemos comunicar com as outras pessoas.

Se não for agora, então, quando será?

C – Não sei bem, mas seria quando o tempo mandasse.

Está a agarrar-se a alguma coisa que precisa de largar?

C – O medo de estar sozinha, o medo do futuro, o medo de perder professoras.

Fez ultimamente algo que mereça ser lembrado?

C – Sim, noutro dia o meu pai deu-me uma moeda e depois eu fui à missa e, no ofertório, dei essa moeda.

 Quem ama? Como cuida desse amor?

C – Eu amo muita gente: os meus amigos, a minha família, basicamente todos os que me rodeiam. Eu cuido do meu amor por eles a dar abraços, beijinhos, a dizer “adoro-te”…

Quando for muito velhinha, o que será importante para si?

M – Eu acho que o mais importante será a minha saúde e a da minha família, e que todos estejam felizes.

Coloca-se perguntas suficientes ou basta-lhe o que já sabe?

C – Eu sou das pessoas que coloca mais perguntas, porque acho que devemos estar sempre a aprender mais. Eu coloco muitas perguntas a mim própria, especialmente as que não aprendo na escola, como: como será o mundo dos mortos? Como serei quando crescer? Como é que o mundo surgiu? Se os acontecimentos se passaram como dizem… Como era viver no tempo dos meus avós? Etc.

Celebra aquilo que tem?

C – Às vezes, não, com muita pena. Eu acho que às vezes não dou valor às coisas que tenho, ou não aproveito as coisas boas da vida.

Que atividades lhe fazem perder a noção do tempo?

C – Só perco a noção do tempo quando estou a fazer coisas divertidas, como: falar com os meus amigos, dançar, basicamente tudo o que eu faço com gosto e amor.

Se pudesse recomeçar de novo, mudaria alguma coisa?

Eu não mudaria nada, porque aprendo com os erros, mesmo que sejam os poiores de todos, porque mesmo assim podemo-nos levantar e conseguir resolver.

Se tivesse um amigo que lhe falasse como às vezes fala consigo própria, quando tempo lhe permitiria ser seu amigo?

C – Eu dava-lhe todo o tempo do mundo, para ser meu amigo, porque, de certeza que era muito boa pessoa.

Se tivesse de ensinar algo, o que ensinaria?

C – Eu ia ensinar a Lei da Vida, mas não era toda, porque as pessoas têm de aprender como lidar com a vida, só lhes ensinava a moral da vida.

Perguntas escolhidas nos questionários de Marc and Angel Blog.

Carlota C, 6C

“Alquimias” do Tempo

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Imagem da Oficina de Escrita

     Ao longo do percurso de cada ano escolar, cada estudante aprende a evoluir num quadro de vida que lhe cinge a liberdade, podendo dar a impressão de a espartilhar, tal é a  pluralidade de tempos   a cujos ritmos diferentes deve atender.

    O próprio horário escolar cobre as horas nobres do dia pressupondo, em toda a sua extensão, o compromisso pessoal do aluno.  

     O horário de estudo personalizado deve integrar as atividades favoritas – desportivas, artísticas ou lúdicas – a fim de libertar finalmente o tempo livre para o imprescindível trabalho pessoal que é  o corpo a corpo do próprio estudante com a inumerável variedade de assuntos transmitidos durante as aulas.

    A médio prazo, deve ainda estruturar o percurso de cada trimestre mediante um calendário de testes, balizando as etapas preparatórias que implantam novos territórios de trabalho nos dias previstos para revisão e treino.

    Todo este mapeamento do tempo cronológico é traçado em função de atividades invisíveis, cuja encarnação na realidade do vivido não é equiparável à realização de tarefas automatizadas. Estas, precisamente por permanecerem exteriores a nós,  não superam a imediatez do fluxo sucessivo dos momentos.  

     É o próprio ato de compromisso pessoal que introduz a possibilidade de uma mediação: por ele, o jogo das faculdades – imaginação, inteligência e memória – põe-se em movimento.  

    A atividade das faculdades opera no invisível a sua “alquimia” do tempo: transmuta-se a qualidade de perpétuo fluxo de instantes numa duração concentrada. O silêncio livre em que se compreende e memoriza gera vida.    

O. E.

Um Segredo do Ano que Vem

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Imagem da Oficina de Escrita

     Somos feitos daqueles que amamos e de nada mais.

Christian Bobin

     O novo Ano Letivo ainda está em formação, na espessura nutritiva que lhe advém da expectativa positiva dos estudantes e da solicitude motivada dos que se antecipam a preparar-lhe um espaço humanizante.

    Mas esse futuro misterioso que mal se adivinhava, já se fez próximo, e nele, o ano infante já toma vulto;  os professores já  receberam a primeira chamada: a carta de motivação, o calendário da primeira quinzena de Setembro e o programa festivo do primeiro dia de convívio na Quinta do Castelo.

    O reencontro dos docentes começa por uma festa; assim como o dos estudantes, duas semanas depois: festas-convívio, familiares, ao sabor do improviso, que se repetem ao final, numa girândola de despedidas. Coroa o ano letivo a Festa da Comunidade, já elaborada, fruto de longo esforço comum, entrelaçada com objetivos de solidariedade.

     Será uma coincidência se estes dois pólos que balizam o ano letivo bem como o ponto alto que o celebra se expressam em Festas? Ou elas pretendem simbolizar algo de muito discreto mas essencial, algo  que constituiria o núcleo ardente e inadvertido do ano letivo?

       Como se o longo percurso ascendente do esforço escolar, atravessado de combates com suas vitórias e dificuldades, fosse todo ele sustentado passo a passo pela presença discreta de uma alegria inexplicável, que para além do desejado e merecido sucesso de cada um, vive da  comunhão entre todos.

    Assim, o coração secreto dos dias letivos, poderia ser a presença oculta deste  júbilo, “mais íntimo a nós que nós próprios” e que interiormente “leveda toda a massa” do trabalho quotidiano.

O.E.

Onde Germinam Questões?

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“Noite Estrelada” de Van Gohg –  Pintura de Ana Clara R Gentileza da Autora

  “É preciso ajudar a razão a recuperar as terras de onde se retirou.”

Rémi Brague

      A Escola em si, como entidade abstrata, e tal como está concebida, pretende contribuir, em favor de cada aluno, para  a emergência da sua individuação : uma vontade pessoal autodeterminada, um pensamento próprio que discerniu e fez seus os valores essenciais deveriam emergir, após o esforçado avanço ao  longo do trajeto balizado de saberes que é o Ensino Obrigatório.

      O estudo de assuntos maioritariamente técnicos, abordados numa perspetiva de rigor científico não é ele próprio apenas técnico, nem redutível a uma objetividade pura.

     Tomar consciência do modo como aprendemos pode tornar-nos sensíveis ao facto de que a inteligência pode ter outro alcance para além daquele a que o conhecimento racional e a ordenação da experiência sensível obrigam.

     A reflexão sobre a experiência interior – que as  exigências do estudo criam –  desvenda, porventura, outros âmbitos  do exercício da inteligência onde as questões de fundo, as questões que perguntam pelo sentido encontram a amplidão de que precisam para se articularem.

     A reflexão escrita capta as linhas de força do vivido e nisto   sempre foi uma poderosa ferramenta de libertação.

      Mas ela é mais do que isso: permite construir positivamente a partir de uma esperança comum a todos, que diz respeito a todos e que tende a ultrapassar-se para além de tudo.

     As questões que perguntam pelo sentido último do nosso estudar, do nosso ser em comum, do nosso estar aqui, são perguntas vivas, que cada nova geração coloca de novo, de raiz, com todo o seu ser.

    À Escola compete contribuir, também, para que, num meio vital adequado, possam germinar os ingredientes daquilo que é mais profundamente humano.

O.E.

“Diários de Aprendizagem”, Joias do Tempo de Escola

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Imagem da Oficina de Escrita

“Refletir é escutar mais alto”

Jean Rostand

      Ao longo do seu itinerário escolar, os nossos estudantes    estão continuamente imersos num meio vital de aprendizagem. São igualmente convidados a participar ativamente na sua própria formação  pela apropriação dos meios que  permitem gerir e modelar o processo da sua  aprendizagem.

     Nos “Diários de Aprendizagem”, tal como os propõe a professora Sheila Cameron,  captura-se  a reflexão pessoal sobre experiências relevantes para o estudo.

     Assim, por exemplo, um estudante pode “tomar o pulso” do seu desempenho relativamente a   uma sequência de aulas, a um trabalho de grupo ou a um método de estudo, aplicando-lhes este breve questionário de reflexão transcrito do  MBA Hand Book (1): 

  1.  Como correu?
  2. O que senti em relação a esta experiência?
  3. O que aprendi com ela?
  4. O que não consegui aprender?
  5. O que poderia ter tornado esta aprendizagem mais eficiente?
  6. O que vou fazer de diferente, no futuro, para aprender melhor?

     Praticar regularmente esta abordagem crítica abre uma  distância objetiva entre nós e o nosso trabalho, que deixa à vista o modo como ele decorre, permitindo corrigi-lo ou melhorá-lo.

    É ainda graças ao distanciamento que as perguntas operam, que se abre  um espaço livre onde podem tomar forma ideias sugestivas e até aí insuspeitadas. 

O. E.

(1) Este livro excelente está atualmente oferecido em livre download, em pdf.

“Diário de Recortes”, Pérola das Férias

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Imagem da Oficina de Escrita

     Alguns alunos têm vindo a construir, ao longo das férias, os seus “Diários de Recortes”, colecionando pequenas recordações significativas de episódios favoritos que estão a viver.

     Num caderno ou bloco, a intervalos regulares, colam imagens recortadas, fotografias, pedaços de papel, acompanhados de desenhos e breves comentários pessoais sobre locais que apreciaram ou momentos vividos que lhes merecem um registo criativo.  

     Assim os nossos jovens autores prestam uma homenagem singela a momentos especiais de felicidade, envolvendo-se na aventura exclusivamente humana de fazer emergir sentido novo.

     O caráter precioso daquilo que foi vivenciado positivamente emerge na consciência com outra intensidade.

     A natureza única e irrepetível do que aconteceu, ao transmutar-se no cadinho das palavras, fica protegida da sucessão irreparável dos momentos em que o vivido continuamente se desvanece.

     A possibilidade de recordar e de partilhar, assim instaurada pela forma em que a escrita plasma a vida, amplia o horizonte da consciência, torna sensível o mistério do próprio existir e contribui para gerar uma atitude habitual de gratidão.

O.E.

Inquérito Apreciativo: “de Bem a Melhor”

maos_mini5A     O Inquérito Apreciativo constitui uma abordagem de questionamento, aplicável          numa grande diversidade de contextos, que não modela a inteligência para a resolução  de problemas, mas antes a orienta para considerar o que funciona bem, o que decorre  positivamente, o que se torna gratificante.

     Pode ajudar-nos a discernir, num processo de aprendizagem, numa vivência pessoal  ou de grupo, ou numa experiência mais objetiva, quais são os pontos fortes, como  desenvolvê-los na situação presente, como transpô-los para situações futuras.

     Cada estudante é portador de um universo de vivências pessoais e de conhecimento  experimental do mundo que permanece submerso enquanto não for solicitado. O teor  das questões que os ajudamos a formular para decifrar esse mundo imanente é determinante para o processo em que  novos sentidos podem emergir. 

     A intuição prolixa, confusa, matéria-prima de vida em estado puro, ainda não  articulada, pode encontrar a sua estrutura interna, mediante o lançamento de  perguntas adequadas, outras tantas sondas lançadas no abismo do vivido, para o  transpor a salvo, à superfície, na expressão cristalina de uma escrita pessoal.

    E assim como, na ciência contemporânea, se reconhece que   o instrumento de observação modifica o objeto observado, assim o facto de utilizarmos perguntas  poderosas, que visam o lastro positivo do vivido e nos focam nos aspetos motivadores das nossas  experiências vai ajudar-nos a gerar uma atitude confiante face ao futuro, a conceber a realidade de  forma generosa, onde o gume dos desafios se torna estimulante e  inspira gratidão.

 (Imagem da Oficina de Escrita) O.E.

“…Mais Dilatados Horizontes”

Beach in Kenosha w/ Hot Sunrise

Carl Vizzone via Compfight

Os Céus acima de mim são tão vastos como os Céus dentro de mim.

 Etty Hillesum

     Quando o esforço reflexivo incide sobre a própria vivência não  pretende  favorecer o enclausuramento  de um “eu” voltado sobre si próprio nem o estreitamento do poder de alcance da sua ação no mundo.

     Pelo contrário, esta indagação crítica que sonda a imediatez do vivido  visa libertar uma interioridade  mais genuína, que permanece inacessível sob o vaivém dos afazeres mecanizados e a natureza meramente funcional de contactos que mal afloram o humano.

   O discernimento pessoal que se exerce sobre o nosso agir e pensar opera precisamente um descentramento do “eu” de superfície, uma renovação do seu poder relacional, uma ampliação do horizonte que transcende o arco do quotidiano.

   Celebrámos ontem a memória de Edith Stein, filósofa judia e mística cristã, que iniciou gerações de alunas na arte rigorosa da reflexão; da serenidade da sua escrita luminosa hauriu a força de auto-doação com que assumiu a sua morte em Auschwitz.

    Ela própria encontrou os caminhos do cristianismo a partir da leitura da autobiografia de Teresa de Ávila,  doutora da Igreja, que, para além de traçar um mapa inédito da interioridade humana, palmilhou a Espanha no aventuroso empreendimento das suas 17 fundações.

O. E.

Para uma Sementeira de Perguntas

estudoImagem da Oficina de Escrita     

«A palavra é mais real e mais durável que o mundo material na sua totalidade.»

J. Ratzinguer

     Para além de alguns nomes já citados, toda uma constelação de autores nos encoraja a prosseguir neste treino de uma incipiente reflexão: insistindo em retomar instruções preliminares, aplicando conselhos experimentados, acabamos por dar uma forma pessoal às perguntas que nos levam a refletir mais do que  a descrever ou a relatar.

     Esta paciência em  exercício ao longo do tempo acaba por compensar:

  • podemos então, dilucidando fios de pensamento que trazíamos emaranhados, ponderar  as nossas perspetivas sobre a vida;
  • articulando intuições quase impercetíveis, podemos descobrir não só o que realmente queremos como ainda os modos de alcançá-lo;
  • podemos assim configurar novos projetos de vida, subdivididos em pequenas etapas, que os tornam exequíveis e nos livram da ansiedade.

       Estas nossas perguntas abrem sobre um manancial só em aparência indisponível; são uma espécie de “chave” para o “lado desconhecido” do real. Podem tornar-se, para os nossos jovens estudantes, numa via de acesso à inesgotável riqueza que os habita; neste caso, “ter acesso” significa “tornar-se mais livre”, o que sempre se resolve em “estar ao serviço de…”

O.E.

Praticar Escritas Diferentes

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Imagem da Oficina de Escrita

“Escrever e desenhar são idênticos, no fundo.”

Paul Klee

     No próximo ano letivo, a Oficina de Escrita vai voltar a colaborar com o Projeto dos Diários Gráficos, que surgiu há quatro anos, com professores incansáveis de Educação Visual. Trata-se também de incentivar os alunos a praticarem uma escrita de expressão mais pessoal em simultâneo com a sua prática do desenho à vista ou da pintura. O Projeto oferece-nos, assim, uma oportunidade singular de podermos diversificar finalidades, estilos e suportes de escrita. 

     Alguns estudantes poderão sentir-se encorajados a usar o seu Diário Gráfico também como um caderno intimista; outros vão preferir utilizar, em anexo, um pequeno bloco para a captação rápida de ideias imponderáveis, rede de borboletas para a inspiração volátil; talvez ainda um caderno subalterno para um longo e regular desabafo catártico, onde se executa a “limpeza doméstica cognitiva”- trabalho que pode parecer entediante, mas incontornável para se abrirem dimensões inéditas no espaço familiar – como numa tela de Vieira da Silva – a fim de permitir o acesso a camadas mais profundas.

      E depois, também, porque não enriquecer o Diário Gráfico, recorrendo ao “tear” dos questionários de reflexão – onde o segredo reside em entretecermos as respostas na trama das perguntas que nós próprios criamos; aí se pode saudar o vivido, assinalar a presença de toalhas subterrâneas de sentido que nos trabalham no invisível; surpreender o inesgotável manancial da realidade emergindo para a sua expressão, numa escrita que é, antes de mais, aplicação apaixonada desses outros sentidos à manifestação da totalidade em ínfimo fragmento.

     E certamente, alguns estudantes optarão ainda por manter vivo um caderno, tão secreto quanto predileto, para falar com quem se ama e que connosco responde e se corresponde na linguagem mais excessiva, e por isso adequada e recomendável para arriscar-se a dizer o inexcedível que a inflama.

OE

Finalidades da Escrita na Oficina

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Imagem: da Oficina de Escrita

     Sem pretender esgotar assunto tão sugestivo, poder-se-iam elencar assim algumas das finalidades das atividades de  escrita que se vão realizando aqui na Oficina :

1. Treinar para as Provas Nacionais de 6º ano, onde a redação de texto vale 30% da classificação total.

2. Realizar a escrita de expressão pessoal segundo os objetivos do Programa de 2º Ciclo.

3. Contribuir para a construção da personalidade em crescimento dos nossos alunos, mediante a possibilidade de livre expressão, a objetivação de uma interioridade que se estrutura ao ser interpretada com a própria razão e o próprio sentimento.

4. Dar a voz, como quem dá a vez, permitir ao aluno tomar a palavra, sendo assim mais ativo e colaborante no processo da sua própria formação, segundo os Objetivos da Escola.

5. Projetar também a própria Escola, na publicação desta girândola de textos, mescla de reflexões incipientes e expressão de emoções vivas, em amostragem variegada daquilo que constitui também a riqueza e a força da Escola, para além do nosso trabalho comum e da nossa comunhão de vida : o mundo único e singular de cada um.

6. Verificar a ideia de que, colocar por escrito os nossos próprios objetivos de vida e as estratégias em curso de aperfeiçoamento para atingi-los potencia as possibilidades da sua realização, engendra uma nova força de autocompromisso  que, ao ser publicado, é ainda intensificado pelo testemunho da comunidade leitora.

7. Por fim, é a própria comunhão de pessoas que formam a Escola a receber uma tonalidade diferente, pela incorporação destas vozes da vida, entretecidas na escrita, que lhe acrescentam um travo  consistente, caloroso e indelével.

O. E.