John Dillon via Compfight
Chegou.
Silencioso crepitar da alegria que faz saltar faíscas minúsculas e rápidas na expectativa em oração.
Já o veludo da noite cintila, já a espessura onde os passos se afogam se torna mais firme: abriu-se um caminho escondido entre as águas.
Que promessa faz erguer assim a haste do coração e o põe a sonhar mais alto do que alcançam as seguranças mortais?
Que desígnio secreto abre ao meio as nossas certezas cerradas? O aparo afiado da Esperança já inscreve na alma outras fronteiras de Paz.
E as palavras antigas brilham, agora, como se um risco de fogo as percorresse e enchem toda a abóbada do coração.
Quem apressou assim o passo das sentinelas que tiritavam de frio nas guaritas? E clandestinamente convocou os povos, sem passar pelas ordens dos reis?
Eis outro arco-íris, outro pacto. E um silêncio sagrado torrencialmente derruba a inteligência do seu corcel alado: pelos infinitos atalhos abertos no oceano do tempo, a multidão dos pobres já se escapa ao tumulto inútil dos mundos.
Vão na esperança do Rei que abriu as vias impossíveis, é só a pura esperança d’Ele que os atrai, o vermelho vivo em que se vão transformando os corações de pedra: tingida de amor, a morte expressa nos seus olhos a força da Incarnação.
“O Verbo se fez carne” – tal é o encontro com o Rei.
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