Lá estava eu, escondido numa cave de um amigo da escola. O pai dele tinha-nos deixado esconder ali, até ao fim da guerra. Depois do recolher obrigatório (1), o meu amigo James descia até à cave, com comida, os livros da escola e brinquedos. Ele ensinava-me o que tinha aprendido, jogávamos com soldados e fingíamos que os Ingleses e Americanos começavam a conquistar território aos alemães. Mas depois lembrávamo-nos sempre dos submarinos alemães (2) que afundavam os barcos americanos que traziam armas, comida e outros mantimentos que eram necessários lá em França.
Um dia, enquanto brincava com o James aos soldados, a Militia (3) entrou pela porta: agarraram no pai de James e começaram a interrogá-lo. Aparentemente havia suspeitas de judeus e, se nos encontrassem, matar-nos-iam a sangue frio. Estes eram as pessoas que não tinham qualquer problema em matar quem quer que fosse. Eles dirigiram-se à porta da cave, mas eu, a minha mãe, a minha irmã e o meu pai já tínhamos descoberto sítios perfeitos para nos escondermos. Fizeram uma revista ao de leve, empurraram umas caixas, olharam por um bocado, mas depois foram-se embora. A Cave providenciava muitos esconderijos devido à sua dimensão e à quantidade enorme de caixas.
Algum tempo depois, as tropas alemãs tinham começado a perder território na Rússia e o Reino Unido estava a conseguir, aos poucos, entrar na Europa. Muitos espiões entravam por Portugal, mas a maior parte eram mortos pouco depois de entrar na Alemanha, devido a serem descobertos.
(1) Em França, enquanto foi dominada pelos Alemães, existiram horas de recolher obrigatório.
(2) Estes submarinos patrulhavam o oceano Atlântico e afundavam qualquer navio americano que tentasse aproximar-se da Europa.
(3) Polícia francesa que fazia todo o trabalho sujo que a polícia normal não conseguia; trabalhavam a favor dos Alemães.
(Continua)
(3º TS de Português) Rodrigo L, 8B