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– Querido Neto, tinha eu a tua idade, quando conheci a tua avó. Na altura, ela tinha cabelo liso como uma folha e usava sempre rabo de cavalo.
– Avô, como é que conhecesta a avó? – perguntou o Joãozinho.
– Foi numa bela tarde de primavera. Eu, todo curioso, fui aventurar-me pela zona proibida da escola. Depois de passar por vários corredores, avistei uma grande porta castanha; decidi entrar e, quando entrei…
– Avô, a avó era punk?
– Não, Joãozinho, mas porque é que perguntas?
– Ó Avô, ela não estava na zona proibida da escola?
– Ó Joãozinho, ouve e vais perceber. Então, quando entrei, vi todas as paredes cobertas de livros. Logo de seguida, ouvi uma voz a dizer:
– Cão Mau, cão mau!
Fiquei tão assustado que fugi a sete pés. No dia seguinte, voltei ao lugar, mas levei um amigo. Quando lá entramos, o meu amigo disse-me assim:
– Estamos numa biblioteca antiga. Mal ele acabou de falar, ouvi um cão a fazer “ão ão ão”. O meu amigo não ouviu e eu passei uma vergonha! Ele foi-se embora, mas eu não, fiquei ali até descobrir quem tinha dito “Cão mau” e “Ão ão”. Fingi que ia ler um livro, para ver se algo acontecia; peguei num livro que dizia “A Menina e o Cão”. Quando abri…
– Ó Avô…
– Cala-te e ouve! Onde é que eu estava? Ah, sim… Então, quando o abri, saltou um “pop up”: fiquei a olhar imenso temp, mas a única coisa que vi foi uma gravador. Liguei-o e ouvi:
– Cão mau, cão mau!
Desiludido, fui-me embora. Passado um ano, a zona proibida da escola já não era proibida e aquela velha biblioteca onde eu ia, era agora uma biblioteca nova e bonita. Eu, que comecei a estar dia e noite naquela biblioteca, deixei de ter amigos, pois os meus únicos amigos eram as personagens dos livros: a Branca de Neve era a minha namorada!
(Continua)
Matilda M, 6A