Sonho de Uma Noite de Verão – II

A soft summer night in the marsh

Trey Ratcliff via Compfight

     Que verão aquele, verão sem igual, uma chuva quente de amigos sempre à roda, mil conversas no ar, a liberdade de ir e vir, celebrávamos a leveza da aurora, a certeza da terra, o sonho de voar.

     Quero ver o mundo e viajar como as andorinhas e descobrir o mundo com as minhas próprias asas.

    As próprias asas crescem devagar, com a paixão do sol poente antes de mergulhar, naquele sentido de dar glória ao abismo do céu, uma aclamação muda, um espanto sempre diverso e a contagiar os outros de um sonho ousado para partir de novo, sempre mais uma vez.

     Patinhar na praia é o sonho que nós temos. Adoramos a praia: é macia, fresca e cheirosa e se não podemos ir à água, vamos patinhar na areia amarela e macia.

      O toque, a textura, o tecido, o trabalho dos dedos no lazer do dia limpo: tudo é concreto e vivo, refulge, na aurora, uma luz de vitória para nós, os filhos da noite de Verão.

      Uma noite de Verão é para celebrar o primeiro dia de verão. Nessa noite, é o dia das partidas e ver as pessoas a queixar-se do calor e a reclamar contra o tempo. Mas continuam a adorar o verão.

      O verão revela a face calma e rumorosa do tempo que se abate sob as estrelas do sonho e se espraia para fora das margens pensadas em todas as direcções que o nosso olhar alcança e mais ainda, muito para lá de onde atinge a vontade genuína dos filhos das noites de Verão.

(Texto a duas Mãos 2º o livro: “Quero Ser Escritor“)

Sofia L e OE

Sonho de uma Noite de Verão – I

Hobbit town and country, by the late, great Ken Vititus

Creative Commons License Wonderlane via Compfight

     Acabou a primavera, veio o verão, podemos começar a ir à praia, andar de bicicleta e todos os animais a voltar ou a manter-se na sua casinha. Casinhas pequeninas, construídas com o barro do amor, como os ninhos a que se volta sempre e estão entretecidos de musgo seco e pauzinhos, ou então abrigos cavados na terra mais fofa, rente à rocha, forrados de palhinhas.

     O amor do verão é que nos faz apaixonar e amar o sol. O sol é maravilhoso e permite fazer mais surpresas fora de casa.

    Lá fora, na vastidão dos encontros e das construções humanas, é que pode, quem sabe, encontrar-se o rigor apetecido para nos podermos realmente dar. Seguimos os outros, servimos os outros, confiamos nos outros, todos nós, filhos das noites de Verão. Vemos melhor assim, no escuro luminoso do próprio coração.

    O Coração vê tudo, especialmente o que gosta e o mais bonito: o amor da nossa vida, mas não só, também a beleza do verão.

     O Amor, esse sonho perseguido por cada geração , vida a vida, devoradas todas no braseiro do infinito, o amor vivaz, ressurgindo a cada nova descoberta, diluindo-se no tempo, escoando-se na alma das cidades, toalha subterrânea turbilhonando por baixo do calendário estabelecido.

    O Verão, a primeira semana já passou e o sol é diferente para os meus olhos: continua a ser amarelo e bonito. E agora, até acabar o verão o sol vai mudar para mim ou não?

(Texto a duas mãos)

Sofia L e OE