O Mistério – III

     Tokyo 250

tokyoform via Compfight

     Maria, estando já a sair do apartamento de Pedro, continuava um pouco (um “pouco” muito acentuado) confusa, com tudo aquilo.

      Maria já sabia que era melhor ficar na sua, e deixar Pedro feliz da vida com o seu diamante achado debaixo das almofadas, mas, como é óbvio, este facto abalou Maria; apesar de ser já tratada por “dona”, ou seja, de já ter muita experiência na vida, continuava a refletir sobre o tema.

      Para se acalmar, tentara assobiar uma melodia, mas não funcionou. Por fim, pegou nas suas chaves, que estavam no móvel antigo de madeira, na entrada. Seguidamente, abriu a porta, saiu de casa e fechou a porta. Trancou a porta o mais que conseguia, pois afinal de contas sempre se encontrava lá uma jóia com um valor quase ilimitado.

     Por esta altura, já Joana se encontrava no restaurante combinado. O relógio marcava já 20h 37. Maria desceu de elevador, do 4º piso ao piso nº0 , também conhecido por rés do chão; em tudo o que fazia mostrava uma certa falta de calma. Numa dessas situações, ia ficando mesmo presa no elevador, o que lhe custou mais dois preciosos minutos. 

     Era uma noite fria de Novembro. O céu estava escuro como breu e o alcatrão da estrada, molhado; pouca gente se via na rua. Ao sair do prédio, Maria encolheu-se de frio e tapou-se bem tapada com o casaco da rua. Cheirava a gasolina e a alcatrão molhado. Nas paredes dos prédios brancos viam-se manchas de humidade. 

     Maria ainda andou uns bons trezentos metros, num profundo vazio. Quase não se cruzou com ninguém e, com quem se cruzou, ninguém tinha um ar simpático. O seu Alfa Romeu parecia estar tão longe. E ela andou, andou e andou. Estava quase com medo. 

     Vagueava pelas ruas, num escuro imenso, cheia de frio: quando expirava, saía uma mancha branca da sua boca (não, ela não  fumava; era, sim, uma mancha de vapor de água) . Ela andou, andou, andou… Por fim, já às 20h 40, chegou ao carro. 

[…]

Vasco S, 6A

O Mistério – II

     Honda Civic Sport

Eddy CJ via Compfight

     Maria não percebia, mas, para ela, o menino Pedro era “o seu menino” Pedro, nunca tinha tido condições financeiras assim por aí além; vivia no seu T1, comprado pelos seus pais que tentaram sempre não afastar Pedro das suas vidas. Eram uns pais muito ativos que sempre amaram muito os seus filhos.

     A irmã de Pedro decidira ir estudar para Londres, onde tirava o curso de Engenharia, a especializar-se em Barragens Hidroelétricas e era, como Pedro, uma criatura inteligente e responsável; Leonor tinha agora trinta anos; Leonor Pontes – Leonor Salgado Pontes – dava frequentemente notícias e já tinha dado ideia que o seu curso, que já caminhava para o fim, depois de três anos e pouco, corria mais que bem; dizia também que queria lá permanecer e tirar o mestrado, o que não agradava aos seus pais, não só pelas saudades, mas também a nível financeiro, porque eles não tinham como pagar; mas a mãe de Leonor e Pedro, a Srª Pontes, até já trabalhava ao fim de semana, para ter a certeza que nada faltaria à sua amada filha.

     O seu esposo, o Dr. Manuel, era a favor de não dar nada mais à filha; um homem que azedou com o tempo, ficou demasiado triste com a separação dos filhos; era um homem já de 57 anos, que estava de mal com o mundo; no seu caso, “velhaco” era sinónimo de “velho”; dizia que estava farto de tudo, andava deprimido.

     Leonor era uma mulher de armas que já quase ganhara o diploma de psicóloga. Esmerou-se para dar ao filho  um T1 e o tal Honda Civic característico de 28C4.    

   Pedro sempre fora tímido e calmo; astuto, não gostava de dar nas vistas. Estudava em Lisboa e tinha-lhe sido difícil a separação dos seus pais.

Vasco S, 6A

O Mistério – I

Fancy White Diamond, standing in clay. Milky White 1.08 ct 3x 1,16 light edit Macroscopic Solutions via Compfight

     – Sou capaz de estar atrasada – pensou de si para si Maria, quando entrou no quarto do menino Pedro, que estudava para arquiteto.

     Maria entrou no quarto de Pedro e viu tamanha algazarra que até se assustou e ficou a pensar em desmarcar o jantar que tinha prometido à sua querida amiga Carlota.

     Carlota era uma cabeleireira de meia-idade, nascida no Brasil e que trabalhava no cabeleireiro do Dr. Rui, que se tinha perdido da vida desde que a sua mulher, Joana, morrera.

     A Joana, fora-lhe diagnosticado um tumor maligno que já devia estar com ela há uns anos. Infelizmente para ela, os médicos só lhe deram duas semanas de vida. A mulher de Rui preferiu esconder-lhe esta realidade. Via-se que Joana não estava bem, mas ela achou que o marido não descobriria. E não descobriria mesmo, se não fosse Joana contar-lhe no dia quatro de Março, dois dias antes de ir desta para melhor.

      A Rui, custou-lhe aceitar isso: achava que ela se foi para não voltar, sem ela nada fazia sentido e arrastava-se de um lado para o outro.

      Carlota até se dava relativamente bem com Joana, apesar de Joana passar por patroa, porque, como andava desempregada há algum tempo, gostava de fazer companhia ao seu querido Rui.

      Acontece que nesses últimos sete meses, Carlota e Joana fermentaram uma amizade que viria a ser ímpar. Amizade que crescia e engordava todos os dias de trabalho.

     Maria tinha já sido apresentada a Joana e não se deram mal. Esse jantar já marcado devia servir para Carlota falar sobre tudo o que lhe viesse à mente, sobre essa desgraça; era o que pensava Maria, por isso, era sua obrigação não faltar.

     Maria olhou para o seu pulso e viu, no pequeno relógio, que as horas marcavam 20:15; sabendo que tinha marcado o seu jantar para as 20:25, já não tinha muito tempo.

     O quarto de Pedro estava numa grande algazarra: em frente, lençóis e mantas no chão, para já não falar de todas as suas camisas espalhadas.

     Pedro só saía da Universidade às 23 e 20, hora que Maria, como pessoa já sábia que era, achava um disparate que só fazia mal aos nervos.

     A empregada doméstica, que também trabalhava numa lavandaria de manhã, começou a arrumar as camisas que estavam no chão; depois, quando ia fazer a cama, deparou-se com uma estranha realidade: um diamante de cor azul-esverdeada, debaixo da almofada de Pedro!

      Como tinha ido lá parar?

     Maria fez a cama e deixou o diamante onde estava; fingiu não o ter visto. Mas como? Como é que lá estava? Maria só pensava nisso. Como?

Vasco S, 6A

A Biblioteca Misteriosa – IV

    an open door tom saunders via Compfight

       Queria qualquer coisa… fui para a quarta sala, a última.

      Abri a porta, já um pouco cansado daquela, já com pouca paciência para esta aventura que não era aventura, desinteressado pelo que viria a seguir… afinal, tudo vem a seguir: esta sala vinha a seguir da sala infantil, assim como a infantil vinha a seguir da maltratada, com cheiro a mofo, assim como a sala maltratada vinha depois da sala inicial, que ainda tinha o livro de capa bordeaux, com as páginas amareladas mal coladas, em cima da mesa, que eu olhava  através da pequena ranhura da porta, na minha ida àquele estranho parque, depois da manhã daquele dia de agosto quente, quente demais até, em que tinha ficado em casa, sem fazer nenhum; naquele verão que veio depois do outono e do outro e do outro… qual é então o sentido da vida, sabes?

      Pensei, pensei, pensei… ainda penso, penso dentro daquela biblioteca e penso dentro desta pequena sala acolhedora onde todas as semanas eu escrevo uma história, por vezes estudo, por vezes não tenho testes nem imaginação, não há nada a fazer. Assim tem de ser. É assim que funciono.

      Mas penso, penso, penso … penso que o sentido da vida é ser alegre, andar alegre.

     Portanto quero outra continuação para a minha história, e aí vamos…

     Abro a porta da última sala meio melancólico e qual não é o meu grande espanto, não posso acreditar, quando vejo…

Fim

Vasco S, 6A

A Biblioteca Misteriosa – III

     Leafcutters Thomas Simmons via Compfight

     Passei a terceira sala, ou uma sala que deveria ser destinada para os leitores mais novos  ( leitores… bom, para lá fazerem os jogos de tabuleiro simples, as cobras, as escadas e esse tipo de jogos… Aliás, como eu fazia quando era pequeno; ou então entravam para fazer um desenho, ou para as mamãs lhes lerem uma história, ou seja, para ler não era).

     Sentei-me em cima da mesa como tanto gosto de fazer. (Ali ninguém me podia dizer para sair). E contemplei o vasto e belo jardim, infelizmente deveras mal tratado. A tinta branca da parede já descascada, afastada da parede em alguns sítios. No chão, bastantes pedaços de parede, pó e algumas formigas.

     Elas andavam, andavam, andavam… lutavam pela vida, ao contrário de alguns dos arrogantes que por vezes vemos a falar de coisas sobre as quais não sabem rigorosamente nada e rigorosamente nada dizem.

    Só falam, nada dizem; ouvidos abertos para ouvir nós temos, e não ouvidos abertos para escutar aquele som banal dos ricos com cunhas, que vão para a tv sobretudo falar e nada dizer;  portanto amigos, é assim que a sociedade funciona.

     As cunhas de ter dinheiro, as cunhas de ter fatos da Hugo Boss ou do Giorgio Armani, que bebem vinhos caros, que têm barriga de cerveja, o cabelo repleto de gel, com o bigode à espanhola, cheiram a vinho caro da boca, cheiram a cachimbo da boca, são tetos altos que tiram as hipóteses às formigas da nossa sociedade.

     Portugal está a atravessar um mau momento e, comicamente, dizem que a população vai diminuir, porque cá, os jovens não têm a possibilidade da paternidade e alguma dessa culpa pode ser atribuída aos barrigas de cerveja e às batôns caros.

    Tinha mesmo de dizer isto, agora vamos continuar.

   Voltei às outras salas para ver se havia qualquer coisa de que eu pudesse gostar. Um livro, um CD, qualquer coisa, eu só queria trazer qualquer coisa, qualquer coisa que eu me pudesse recordar do tal edifício… queria qualquer coisa…

Vasco S, 6A

Adeptos do NSA

  NSA

Imagem:Núcleo Sportinguista de Alcabideche

OE – O Vasco S do 6ºA e o Tiago S do 6ºB iniciaram, há duas semanas, uma Oficina em comum. Embora cada um prossiga diferentes objetivos –  o Vasco, mais voltado para a criação de texto livre, onde é exímio, o Tiago, por enquanto, a pôr à prova a eficácia de diferentes estratégias de estudo – ambos têm em comum a paixão pelo futebol e a filiação no mesmo Clube, o NSA.

 Foi pois com muito interesse que a Oficina de Escrita recolheu alguns excertos do diálogo acalorado com que estrearam a  primeira sessão do seu trabalho em comum.

O Tiago Pratica futebol – nos recreios – em todas as posições possíveis na equipa: como avançado, lateral direito,  guarda-redes e defesa. O seu Clube favorito é o Benfica, mas também o Real Madrid; a nível local, participamos no  Mundialito e temos o Copa Guadiana do NSA.

   Tiago –  Sempre fui guarda-redes, primeiro fui defesa. Saí de guarda-redes, porque veio um treinador excessivo, parecia que estava a treinar os profissionais. Ficava exausto: cada vez que não defendia uma bola, ele recomeçava o treino.

Vasco –  Quando eu cheguei, o treinador, em cada dez remates acertava um. Eu era avançado, mas agora sou guarda-redes no NSA.  Estou na equipa A. 

Tiago  – Quando saí, fui para o ténis. Se eu voltar, eu fico logo no início como guarda-redes e tu ficas no banco, Vasco. O Prof Américo sempre foi o meu treinador. Treinamos todos os dias, das 5 àS 9.

Vasco – Treinamos  3 vezes por semana. Uma vez fiquei todos os dias, das 7h às 9h para o professor decidir quem iria pertencer à equipa A.

Tiago – Houve uma altura em que começaram todos a sair, estávamos a perder jogos – agora os de 2004 passaram para a equipa A, estamos melhor.

Tiago  – Gosto de ler o livro “Aprende Futebol”, que tem figuras a três dimensões, com um elástico e uma bola e, na margem, ao lado, tem a explicação da jogada.  NSA

Vasco e Tiago sobre “Táticas mais apreciadas”:

Tática da Inglaterra  – passar a bola para o avançado e o avançado marca  – é um golo  muito direto.

Tática da Alemanha – marcação de golo quase direto de baliza a baliza.

Tática do Brasil – um emaranhado de linhas vivas que mostram a criatividade e surpresa permanentes como tática de jogo.

OE – Aos dois companheiros de campo, obrigada por esta partilha e votos de bom êxito no estudo e no jogo.

A Biblioteca Misteriosa II

   

    Library
Photo Credit: Christian Senger via Compfight 

     Lá fui, com o coração a bater, como se me fosse sair do peito. Quanto mais andava, mais queria voltar, mas não o fazia. Depois dos dez minutos mais longos da minha vida, em que andei pelo parque, avistei uma casa, que era uma Biblioteca. Sentei-me num banco do jardim, a pensar se ia entrar. “Talvez sim, talvez não, talvez não, talvez sim” – pensava eu.

     Por fora, a biblioteca tinha um aspeto um pouco do século passado, uma bonita construção em pedra escura, envelhecida, com ervas pelas paredes. A porta estava encostada; via, pela pequena ranhura, uma sala escura.

     Lá abri a porta. Estava com medo de tudo. Sentei-me numa cadeira com os braços apoiados á mesa, para me habituar ao lugar. “- Já que cá vim, observo isto com toda a calma do mundo…” – pensava.

     Levantei-me e peguei num livro grosso, antigo, de capa bordeaux que estava quase toda descolada, com páginas amarelas e, claro, como em todos os filmes, um pouco de pó. Devia ser um livro para adultos. Abri o livro a meio e li duas linhas.

     Depois, fartei-me; fechei o livro e deixei-o em cima da mesa, como se fosse o meu sinal, o sinal de que eu tinha lá estado, como os padrões que os valentes e audazes marinheiros portugueses colocavam, aquele era o meu sinal, o sinal da minha presença, o sinal de um simples e normal jovem, e não de um herói que descobria terras e continentes, que arriscavam a sua saúde para o bem do seu país; fazer a pátria do seu Povo e dos milhares de heróis anónimos que morreram pelo caminho, mas que morreram com a consciência tranquila. Agora, menos mar, mais história… onde é que eu estava?

     Ia entrar para a segunda sala, uma sala com cheiro a mofo, e esta especialmente mal tratada, com cadeiras caídas, mesas caídas, livros caídos, teias por todo o lado e como pessoa politicamente correta, arrumei as mesas e cadeiras. Peguei no primeiro livro que vi numa estante e pu-lo em cima da mesa.  A minha presença já estava marcada; agora, próxima sala. Quem diria que aquela casa de telhado tão inclinado teria tanto mistério…

Vasco S, 6A

Fazer Rir Crianças

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Imagem: Palhaço-Terapia

     Antes de mais, queria dizer que, pessoalmente, acho que toda a gente devia ajudar esta causa por diversas razões.

     Primeiro, fazemos as crianças rir, e esquecem-se dos seus problemas de saúde, ficam contentes e não se sentem sós.

     Depois, quem anima sente-se melhor, completa, encontra-se a si própria, fica uma pessoa rica, faz com que a criança se sinta melhor e quando sai, sente-se esclarecido, e percebe que os seus problemas são relativos e que não vale a pena fazer dramas com pequenos problemas quando vê crianças doentes e felizes.

     As pessoas que contribuem, sentem-se bem, felizes, e pensam que se tivessem estado doentes, internadas ou se estiveram mesmo doentes em crianças, como gostaram de ter pessoas a animar ou como gostariam de ter;  ou se pensam em alguém que está ou estava doente, também pensam em pessoas doentes e felizes, e, à semelhança dos palhaços, também pensam que fazem grandes dramas.

     Por isso, se não contribui, faça-o e ajude, para que centenas de palhaços como eu façam milhares de crianças sorrir e mudar as as suas vidas.

Vasco S, 6ºA

2º TS de Português

Uniforme no Segundo Ciclo

Indigo
Creative Commons License Photo Credit: Scott Wills via Compfight

       Considero que a utilização de farda no 2º ciclo é uma decisão acertada de todas as escolas que o fazem –  há mesmo escolas que o fazem até ao nono – e penso que todos os colégios privados deveriam aplicar esta teoria.

     Não falo da farda de camisa, saia e meia até ao joelho. Uma farda que seja “farda”, mas que não seja “farda-farda”: uma farda que seja farda de camisola, casaco e calças de ganga, não da escola, com ténis nos pés e não sapatos de vela.

     Acima de tudo, com o uso da farda, não há “aquilo” de se ser melhor que o outro pelo casaco de marca e uma roupa mais cara.

     Além disso que dá “melhor ar” à escola: os estudantes acabam por estar todos bem vestidos e a escola parece mais organizada.

     Por outro lado, o facto de haver farda ajuda sempre nas visitas de estudo: as pessoas não se perdem facilmente.

     Por fim, sente-se mais o que é ser «desta» escola: porque nos vemos com a mesma roupa de todos os alunos da escola.

   Por todos estes motivos concordo com a utilização de farda no segundo ciclo.

Vasco S, 6A