A Aspirante a Mackay – VI


Kensington Palace ..  a royal residence Nick Kenrick via Compfight

     Uma tarde ainda fresca de Primavera, pelas quatro da tarde, Rita estava sentada num banco, à sombra de um pinheiro, com as poeiras da Primavera a cair à sua volta, no parque enorme e cheio de arbustos.

     Dali podia ver tudo o que se passava no orfanato: as colegas a passearem de um lado para o outro, as vigilantes a discutirem, um grupo de miúdas a conversarem, até via o quarto de uma rapariga, no 1º andar, através de uma janela que tinha ficado aberta para deixar entrar o ar fresco. 

     Nessa tarde, Rita estava a misturar músicas no telemóvel, com a aplicação Beat Rock, quando apareceu uma rapariga que lhe disse:

     – Olá, chamo-me Luisinha. Importas-te que me sente aqui? Rita tirou os fones e perguntou:

     – Desculpa, estavas a falar comigo? Não te conseguia ouvir.

     – Chamo-me Luisinha. Posso-me sentar? – repetiu ela.

     – Se quiseres. – Rita pensou que ela poderia ser sua amiga.

     – Como te chamas? – Perguntou Luisinha.

     – Chamo-me Rita. Não te costumo ver por aqui.

     – Isso é porque não conheço muita gente.

     – Eu também não. – respondeu a Rita.

     – Rita, o que estás a ouvir? – Quis saber a Luisinha.

     – Estou a armar-me em Hardwell.

     As duas riram-se.

     A Luisinha era morena, com o cabelo castanho; sem borbulhas, nem sardas, via-se que tratava da sua pele; os seus olhos eram castanhos. Ao contrário do cabelo da Rita, o seu era ondulado e escuro, enquanto o da Rita era liso e castanho claro e brilhava à luz do Sol.

Vasco E, 7B

A Aspirante a Mackay – V

   i'm eyeing you superk8nyc via Compfight

      Mas, mesmo assim, Rita precisava de trabalhar.

     Passados três dias, uma Vigilante apareceu para substituir a Chefe.  A Rita decidiu apresentar-se:

     – Olá, sou a Rita, como se chama?

     Ela ignorou, mas Rita não percebeu e repetiu: – Olá, sou a Rita, como se chama? Passado um bocado é que ela respondeu:

     – Olha, vai brincar com as tuas amigas e não me chateies, senão ponho-te a varrer o orfanato.

     Rita podia responder e armar uma confusão, mas decidiu ir-se embora. 

     A nova Chefe tinha 54 anos, o cabelo preto e curto com caracóis, mas tinha caspa e parecia que não lavava o cabelo. Não era muito alta, tinha os ombros largos e, com o uniforme amarelo, ficava horrível com a sua gordura.

     Rita começou a ver que a Chefe tratava mal as pessoas, mas desde que não a incomodassem estava tudo bem. No entanto, Rita ficou deprimida. Agora andava sozinha, literalmente.

Vasco E, 7B

A Aspirante a Mackay – IV

     Paris | 2009 Thiago Carrapatoso via Compfight

     No dia seguinte, ela faltou à escola e ficou na cama com o Pepe a manhã toda. À tarde foi ao velório da Chefe Mariana. Mas Rita só entregou flores e rezou uma Ave Maria. Foi-se logo embora, porque não era muito católica. Mas como viu muita gente a chorar, disse a Vanda que não ia ao funeral. Vanda não se importou com isso, compreendeu-a.

     Rita não conseguia dormir, por ter visto tanta gente a chorar, e ficou mais uma noite a pensar na sua “Mãe Adotiva”. A meio da noite, lembrou-se que Mariana lhe tinha dito para, mesmo nos momentos mais difíceis, nunca devia perder a esperança.

      Na manhã seguinte, Vanda entrou de rompante no seu quarto e disse:

       – Rita, acorda!

      – Rita acordou e respondeu:

      – O que foi? E como conseguiu entrar?

     – Soubemos, pelo testamento, que a chefe Mariana deixou tu seres a herdeira da sua conta bancária. Rita ficou muito entusiasmada: agora sim, já tinha dinheiro para poupar e comprar o essencial!

(Continua)

 

Vasco E, 7B

A Aspirante a Mackay – III

     Canon EOS 60D - Rain & City Lights - Bristol TempusVolat via Compfight

     Rita e Vanda estavam sentadas ao lado uma da outra, à espera que a cirurgia acabasse.

    Esperaram muito tempo, Rita estava a pensar em todos os momentos que tinham passado juntas. Vanda estava calada, mas muito tensa. A médica nunca mais chegava. Ficaram três horas à espera.

    Quando a médica chegou, falou ao ouvido de Vanda. Rita olhou para Vanda e percebeu, pela sua cara, que a chefe Mariana tinha morrido.

    Rita chorava baixinho para si mesma. Já estavam no carro; Vanda conduzia e Rita ia deitada no banco de trás, com Pepe, a olhar para a noite escura, cheia de chuva. Estava a molhar o banco com lágrimas, enquanto Pepe,  nos seus braços, tentava lamber-lhe a cara. Era muito peso para Rita, ela não sabia o que ia fazer da sua vida.

Vasco E, 7B

A Aspirante a Mackay – II

AMBULANCE CARL SPENCER via Compfight     

     Rita já sabia quase todos os segredos da escola; os restantes segredos não eram tão interessantes. Agora, ela estava quase sempre sozinha a ouvir música em cima do Cravel, a passear o Pepe. Ela gostava de passear ao por do sol, pelo terreno do orfanato, pois era enorme; geralmente só andava por ali.

     Rita queria uma amiga! Mas que fosse como ela, porque não tinha grandes amigas ou amigos: era diferente das outras pessoas. Ela tinha tido oportunidades de se tornar popular, mas não as tinha aproveitado.

     Naquele dia, tinha acabado de contornar  a esquina que dava para o portão do orfanato, quando, de repente, viu uma Vigilante a correr e perguntou:

     – Porque está a correr?

     Ela respondeu apressadamente:

     – A Chefe desmaiou!

     – O quê?

     A Vigilante respondeu:

     – Ela desmaiou nas traseiras, a despejar o lixo!

     Rita correu imediatamente para as traseiras. Quando chegou, viu a ambulância e um monte de pessoas à volta da Chefe. Rita aproximou-se o mais possível:

     – O que se passa, Vanda?

    – Eu não sei! Ela caiu não sei porquê!

     Os enfermeiros agarraram-na, puseram-na na ambulância e partiram a acelerar com os alarmes ligados. Rita não pôde fazer nada… Tentava não chorar, enquanto a Chefe Mariana era levada, mas era difícil, sentia como um peso enorme sobre si. Voltou o rosto para baixo, a olhar para o Pepe; neste momento parecia ser o seu único amigo.

(Continua)

Vasco E, 7B

A Aspirante a Mackay


Leather book coverCreative Commons License Dmitry Dzhus via Compfight

     Rita era uma rapariga normal que vivia num orfanato; as vigilantes do orfanato sempre lhe disseram que os seus pais tinham morrido num acidente de carro.

     Mas ela nunca acreditou.

     Ela era muito interessada, queria saber tudo, até os segredos do orfanato; tinha um diário de capa de cabedal, com folhas A5, onde escrevia tudo o que encontrava sobre toda a espécie de mistérios e também desenhava.

     Ela desenhava muito bem, mas só desenhava os vários mistérios que investigava; quase nunca era apanhada, quando ia procurar segredos para sítios proibidos. Era uma pessoa discreta, por isso a capa do seu diário era de cabedal e não com rosinhas, por exemplo, a dar nas vistas. Ela passava facilmente despercebida; podia acontecer ser castigada, mas poucas vezes.

     Ela tinha o seu próprio cacifo, com uma fechadura muito forte, segura por um cadeado de aço, para ninguém conseguir abrir. Aí guardava coisas importantes para ela: por exemplo, segredos do orfanato, peças relacionadas com as suas descobertas, uma folha em que a Diretora tinha escrito informações sensíveis sobre a turma; um pedaço de rede de pesca encontrada atrás da porta da sala das vigilantes. E ainda conservava tudo isto relatado no seu diário.

     A maior parte do tempo andava a ouvir música com uns fones discretos.

     O seu nome verdadeiro era Cristina Rita, mas ninguém sabia, toda a gente lhe chamava Rita, porque ela não gostava do nome “Cristina” – esse era o seu maior segredo.

     Ela tinha um cão chamado Pepe que era o seu companheiro. Era um Teckel de pelo loiro, em cima mais claro, em baixo mais escuro. Rita também tinha um skate velho de modelo Cravel, mas não sabia usar grandes técnicas.

    Uma pessoa muito especial oferecia-lhe tudo isso. A chefe das Vigilantes tinha cuidado  dela desde pequena e era muito sua amiga; com o salário que recebia, conseguia comprar presentes para a Rita. Assim, ao longo do tempo, Rita tinha recebido fones, um skate e uma pequena mesada para comprar os seus bens. Rita usava esse dinheiro para comprar os seus aparelhos de espionagem que a sua curiosidade lhe inspirava.

(Continua)

Vasco E

Os Meus Ídolos do Skate

Team ExtremeCreative Commons License Lets Go Out Bournemouth and Poole via Compfight    

      Andar de Skate é um desporto que consiste em fazer manobras sobre uma pequena tábua com rodas, mesmo  com o risco de partir a cabeça.

     É preciso primeiro ter equilíbrio no chão, antes de poder subir para uma tábua em movimento.

     Há pessoas que admiro neste desporto: Tony Hawk, que é o melhor skater do mundo na modalidade dos Half Pipes e Ana Maria, que faz vídeos para o you tube, na modalidade de longboard.

   Entre vários tipos de prática de skate há o normal, como o do Tony Walk e o Longboard, como o da Ana Maria.

     Tony Hawk utiliza capacete porque vai para os half pipes – piscinas – ao contrário de Ana Maria que não usa, porque anda nas ruas, nos passeios e na estrada.

     Tony Hawk é um skater famoso que dá Ollies enormes e faz tudo o que possam imaginar. Ele já deu um mortal no skate: foi o primeiro a utilizar esta técnica. Se forem ao you tube e pesquisarem Tony Hawk vão ver acrobacias que pensavam ser impossíveis. E isto com 47 anos!

      Ana Maria anda noutro tipo de skate, que é um longboard: são skates maiores que o normal . Ana Maria parece que dança no skate e ela quase nunca põe o pé no chão para dar impulso, porque ela vira o skate de um lado para o outro, para andar. Ela dá um FLIP com  com aquele skate enorme!

Vasco E, 7B