O Natal de MARIA

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Imagem: Wikipedia – Public Domain Author: Giotto

     O Tema deste ano, no nosso Colégio, é: “Deixa-te Surpreender por esta História”. Com a Festa de hoje, que celebra o nascimento da Mãe de Jesus, podemos deixar-nos surpreender, pois, na fé cristã, relacionamo-nos, em geral, com a pessoa de Maria na sua função adulta, como Mãe de Jesus ou como nossa Mãe num sentido espiritual, mas não menos afetivo.

     Raramente pensamos a Mãe de Deus como uma bebé, que nasceu como nós, enchendo também de alegria o coração de seus pais.

     A data deste aniversário não ficou inscrita em nenhum documento histórico, de modo que nos resta apenas a força viva da Tradição, apontando já desde o século VII,  para este dia, 8 de Setembro, como o tempo apropriado para a celebração.

      Esta abordagem surpreendente da pessoa da Virgem Maria, que hoje veneramos na contingência  radiosa do seu próprio nascimento, é insuperavelmente interpretada nas palavras que Georges Bernanos (1) coloca na boca de uma personagem:

    ” – Ela é nossa mãe, já se sabe. Ela é a mãe do género humano, a nova Eva. Mas é também a sua filha. O mundo antigo, o doloroso mundo, o mundo de antes da Graça embalou-a durante muito tempo sobre o seu coração desolado – durante séculos e séculos – na expetativa obscura, incompreensível, de uma virgem-mãe… Durante séculos e séculos, ele protegeu com as suas velhas mãos carregadas de crimes, as suas pesadas mãos, a menina maravilhosa. Uma menina pequenina, esta rainha dos Anjos! E ela permaneceu assim, não o esqueças!

[…]

    O olhar da Virgem é o único olhar verdadeiramente infantil, o único verdadeiro olhar de criança que jamais se pousou sobre a nossa vergonha e a nossa desgraça. Para rezar-lhe bem é preciso sentir este seu olhar de terna compaixão, de dolorosa surpresa, de não sei que outro sentimento inexprimível, que a torna mais jovem que o pecado, mais jovem do que a própria raça de onde surgiu, e, que, embora seja Mãe por Graça, Mãe das graças, permanece a filha mais nova de todo o Género Humano.” 

         (1) “Diário de um Pároco de Aldeia” – George Bernanos

OE