Assunção de Maria

 Our Lady is Raised Up Lawrence OP via Compfight

  (Dedicado aos meus alunos em férias)

     Que celebramos nesta Festa? Por que é uma das mais importantes para nós, cristãos?

     Jesus, Palavra do Pai, fez-se carne no seio de Maria. Ela foi pré-redimida, desde o início, desde a sua conceção. O que significa isto: primeiro fruto da Redenção, Maria recebeu-se a si própria como um dom e à incomparável pureza dele correspondeu perfeitamente no trajeto de uma vida única. Assim, ao dom originário da  “concecão imaculada” correspondeu com o seu “imaculado coração”.

     O sentido último destas palavras escapa-nos, porque elas são infinitas, mas herdámo-las pelo nosso batismo, já fazem parte de nós. Elas também significam que Maria, desde a origem, foi criada livre: liberta de todo o mal e livre para todo o Bem.

      Assim, o seu corpo não estava sujeito à condição da morte, como o nosso: é uma consequência de ser Imaculada. Celebramos então o facto de a sua pessoa, que inclui a totalidade do seu trajeto no tempo, estar inteiramente assumida na eternidade de Deus.

     Mas por isso mesmo está tão próxima de nós. E sem cessar abrindo o acesso ao que é mais íntimo a nós do que nós próprios: morada interior de Deus que tudo transcende, mas se oculta no recôndito dos corações.

     Maria pertence-nos: foi-nos dada pelo Filho na continuação do próprio gesto em que totalmente nos entregou o que tinha de mais precioso: “Eis a minha carne. Eis o meu sangue. Eis a minha Mãe.”

     Que é esta maternidade da Mãe de Jesus em relação a nós? Ao anúncio inaudito do Anjo, Maria respondera com um “Sim” sem condições. Agora, aos pés da Cruz, no extremo do percurso terrestre do Seu Filho, Maria reencontra este “Sim” inicial dilatado ao infinito: o seu consentimento para engendrar tornou-se espiritual e alargou-se à humanidade de todos os tempos.

     Filhos no Filho e irmãos de Jesus, somos filhos espirituais de Maria que sem cessar nos engendra para a Glória da Bondade divina onde,desde já, inteiramente, exulta e vive.

OE

Mãe, Teu Coração é Imaculado

     Imagem: Globo

     Hoje também é dia da Mãe de Jesus e nossa Mãe Querida, que celebra cem anos das Aparições em Fátima.

    Depois de dois intensos dias de Festa, ela pode apresentar os seus Pastorinhos como guias de Portugal, uma vez que o Papa lhes veio reconhecer a breve vida heróica: agora são abertamente fonte de inspiração e força de intercessão para todos nós, seus irmãos-aprendizes, pelos caminhos da vida que levam a um Deus de Amor.

     Como disse o nosso Papa: “Temos Mãe. Agarrados a ela, como filhos, vivamos da Esperança que assenta em Jesus. (…) Deus criou-nos como uma esperança para os outros. (…) Sob a proteção de Maria, sejamos, no mundo, sentinelas da madrugada…” (…)

 

Imagem: Site dos Pastorinhos

OE

Ecos da Festa do CAD: “Deixa-te Surpreender”

Imagem: CAD

“O que mais apreciou no Sarau ou na Festa da Comunidade Educativa?”

     Com esta pergunta acolhemos quem se dirigia à responsável da Oficina de Escrita, que teve o privilégio de dar apoio na bancada da AJU.

     Ana Catalão, Coordenadora do 3º Ciclo – O que mais me tocou foi a alegria e a cumplicidade entre os alunos.

Prof Ana, Coordenadora do 3ºCiclo

     Um Aluno – A Dança das Artes, cheia de cores fluorescentes.

     Carolina – A Ginástica Rítmica, na Banda.

     Gonçalo, aluno do Secundário – A música “O Avião sem Asas”, porque fui eu que toquei.

Projeto de 5º e 7º: A Horta Biológica

      Maria M, 6B – O que eu mais gostei foi de estar com pessoas que estavam distantes de mim. Fiz descobertas. E toquei flauta: “O Amor é assim” e “We are here right now”.

Prof Paulo – HGP e Espetáculos Magníficos

     João R, 8B – Gostei muito do nono ano: fizeram uma dança sobre um combate entre o bem e o mal. Estavam todos atados e com a vista toda tapada.

Os Maravilhosos Músicos do Secundário

     Júlia Marçal, antiga aluna, autora de A Comida como Almofada Emocional – Gostei muito da Cozinha Molecular, onde fazem morangos com caviar de chocolate, gomas de gelatina… são opções lights para snacks.

A Jovem Autora de “A Comida como Almofada Emocional”

     Sofia Ferreira da Costa, antiga aluna, autora de “O Menino que não Conseguia Sonhar – Gostei mais de ver o meu sobrinho Miguel! Foi a primeira atuação em que ele estava no Xilofone. Em segundo lugar, gostei da dança das Artes do Secundário, com fitas fluorescentes. E pela primeira vez, percebeu-se bem o encadeamento das várias partes do Sarau, que compuseram, de forma original, a história de Jesus. A minha sobrinha Maria fartou-se de dançar: começava tristinha, com um leve sorriso e as outras vinham dançando à volta dela e acabavam todas contentes no fim.

Projeto do 5º Ano: “Embarca no Não É”

     Filipe Ferreira da Costa, antigo aluno, pais de três alunos – Apreciei muito a exposição das Parábolas, a forma como foram recriadas as personagens. Na festa do 1º Ciclo, achei que as crianças estavam muito contentes, que aquilo lhes estava a saber bem, que cantavam com gosto.

    Uma antiga aluna, Mãe da Maria Inês do 5ºC, recordando os seus tempos de estudante, destacou a inesquecível ternura partilhada entre alunos e professores.

” Profes.” Teresinha e Susana, embarcadas no “Não É”

     As nossas antigas coordenadoras, Helena Pinheiro e Isabel Santos vieram ver os seus netos atuar e apreciar toda a Festa, respirando, por momentos, de novo, “o ar da pátria”, pois na alma do nosso Colégio ficou impressa  a doação de toda a sua vida profissional.

    Entretanto, no cantinho da AJU, irmã leiga do CAD, onde o mesmo carisma do Amor inspira “a renovar o mundo passo a passo”, também nós “nos deixámos surpreender” pela alegria viva que iluminava a Festa.

Uma Mini-Equipa AJU participante na Festa 

AJU – Facebook

OE

Páscoa 2017

Imagem: Missionarios Paules

Agora é um Dia novo,

Oferecido a Estrear

É como a vida de um ovo

Acabado de Estalar

E que fazemos com isto?

Surpresa que arde nas mãos.

É um presente de Cristo

Para irmos ter com os Irmãos:

Uns saem pra trabalhar

Outros treinam-se na escola,

Há os que vivem a cantar

E andam a pedir esmola.

Todos recebem a herança

Deste Tesouro incontável

Onde vão beber a Esperança

Sobre a Promessa admirável

Que um dia Jesus nos fez:

Cada um, na sua história,

Progredindo vez a vez,

Vai entrar na Sua Glória

E por obra do Amor

Seja qual for sua sorte,

Pode viver no Senhor,

Para lá da própria Morte.

OE

Elegia II – A Paixão

Imagem: Le Royaume

Com os braços na Cruz, meu Redentor,

Aberto me esperais, com o Lado aberto,

Manifestos sinais do Vosso amor.

Ah quem chegasse a ver um dia, de mais perto

A ver, com os olhos da alma, essa ferida

Qu’ esse coração mostra descoberto!

Esse, que por salvar gente perdida

De tanta piedade quis usar,

Que deu, nas Suas mãos, a própria vida.

A Sangue nos quisestes resgatar, 

De tão cruel e duro cativeiro,

Vendido fostes vós por nos comprar.

Padecestes por nós, manso Cordeiro,

Pisado, preso e nu entre ladrões;

Ardendo o fogo posto no madeiro,

Ardam postos no fogo os corações. 

Frei Agostinho da Cruz

(século XVII)

Canta Língua Gloriosa

                                                                    Imagem: wikipédia
                                                                                                         
  Celebremos o Mistério
Da Divina Eucaristia
Corpo e Sangue de Jesus: 
O Mistério do Deus Vivo,
Tão real no Seu altar
Como outrora sobre a Cruz.
Vindo à Terra que O chamava,
Cristo foi a Salvação
E a Alegria do Seu povo.
Foi Profeta, foi Palavra
E Palavra que pregada,
Fez do mundo um mundo novo.
Foi na Noite Derradeira,
Que, na Ceia, com os Doze,
Coração a coração,
Se deu todo e para sempre
Mãos em benção sobre a Mesa
Da Primeira Comunhão.
Assim Deus, que se fez Homem,
Tudo fez em plenitude
De humildade e de pobreza.
E o milagre continua:
Onde falham os sentidos,
Chega a esperança de quem reza.

         

Na Oitava de Natal

   Christian Christmas Nativity Scene

Creative Commons License John Dillon via Compfight

     Chegou.

     Silencioso crepitar da alegria que faz saltar faíscas minúsculas e rápidas na expectativa em oração.

    Já o veludo da noite cintila, já a espessura onde os passos se afogam se torna mais firme: abriu-se um caminho escondido entre as águas.

     Que promessa faz erguer assim a haste do coração e o põe a sonhar mais alto do que alcançam as seguranças mortais?

     Que desígnio secreto abre ao meio as nossas certezas cerradas? O aparo afiado da Esperança já inscreve na alma outras fronteiras de Paz.

    E as palavras antigas brilham, agora, como se um risco de fogo as percorresse e enchem toda a abóbada do coração.

     Quem apressou assim o passo das sentinelas que tiritavam de frio nas guaritas? E clandestinamente convocou os povos, sem passar pelas ordens dos reis?

      Eis outro arco-íris, outro pacto. E um silêncio sagrado torrencialmente derruba a inteligência do seu corcel alado: pelos infinitos atalhos abertos no oceano do tempo, a multidão dos pobres já se escapa ao tumulto inútil dos mundos.

     Vão na esperança do Rei que abriu as vias impossíveis, é só a pura esperança d’Ele que os atrai, o vermelho vivo em que se vão transformando os corações de pedra: tingida de amor, a morte expressa nos seus olhos a força da Incarnação.

    “O Verbo se fez carne” – tal é o encontro com o Rei.

OE

Advento, uma Expectativa

Creative Commons License Urban Explorer Hamburg via Compfight

    Como se pode modular o dom subtil da expectativa, neste Advento?

    Pelo silêncio, primeiro, cessando o rumorejar dos pensamentos, o vaivém das rotinas em casa…

    O silêncio leva tudo mais longe sem nós, e depois vem-nos buscar; quando chegamos lá, tudo foi transformado: a substância das coisas é, então, o próprio mistério de serem.

    Pela quietude, em seguida: um não-agir que é  próprio das guaritas abrigadas do vento, mas com ampla visão se encostarmos a testa às seteiras. Na harmonia da ordem, deixar cair o que não é essencial e cumprir o dever doce de sentar-se.

    Alerta, nas asas de uma outra música, sair da monótona desatenção de si para uma vigília inovadora; inclinar-se para os fins últimos sem tentar nomeá-los, sem intrusão: atender a um convite.

     Pela escrita, finalmente, que dá a mão ao pensamento para tirá-lo de casa, para roubá-lo ao vício do excessivo serviço da terra; a escrita tateia a textura do tempo, é perita em movimentar-se na noite, em cercar o inenarrável, em trazer para a realidade quotidiana a boa nova dos seus limites abertos.

     Pela união com os outros, para lá de tudo: a família e os amigos, a Comunidade CAD, as vítimas da violência, as multidões que fogem da guerra, os humildes do nosso contexto. Esta união é oferecida a todos: uma das possibilidades do Amor em que tantas vezes não reparamos.

OE

O Banquete dos Pobres

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Imagem: Gentillesse de  L’Actualité de Béthanie

    Esta parábola do Reino fala-nos de uma imensa festa  que os primeiros convidados recusaram mas que foi devidamente apreciada pelos sem-abrigo, doentes e desempregados.

     Ela foi ocasião de escuta e de partilha para o nosso Grupo de educadores, à sombra dos pinheiros do Seminário Espiritano, no prelúdio do novo ano letivo: em primeiro lugar, comentámos diversos sentidos aparentes na história; em seguida tentamos escutar o seu eco em nossas vidas. 

   Para nós, sobressaiu o contexto de liberdade em que a breve narrativa se desenrolou: iniciativa desinteressada do Senhor da Festa, opção assumida sem coação, tanto por aqueles que recusaram como por aqueles que aceitaram.

    Em seguida, apreciamos a atitude de perseverança  de quem convida, não se deixando desanimar pelas primeiras recusas, bem como a atitude de humildade de quem aceita sabendo que não pode retribuir; as diversas recusas, por sua vez, expressavam um juízo de valor, segundo o qual o contexto que envolvia os convidados lhes parecia mais importante, ou a nova situação a que podiam aceder lhes parecia banal.

      Na nossa vida, quantas vezes não queremos abrir mão de aceitar um convite, porque estamos cansados ou não queremos afastar-nos das nossas tarefas. E, frequentemente, descobrimos, depois de termos ido, como a experiência foi enriquecedora e como o convívio com os outros nos encheu o coração.

     Também, por vezes, cumprimos um convite por fidelidade à palavra dada; para não desiludirmos os outros; para não deixarmos um lugar vazio, sem motivo, no coração da festa.

     As diferentes interpretações que escutamos desta mesma Parábola também ampliaram o nosso horizonte: numa abordadgem superficial, ela pode parecer bem conhecida, mas na partilha testemunhamos como se libertam novos sentidos.

     Esta Parábola, com as diferentes interpretações que a acompanharam naquela manhã, exigiram de nós a difícil atitude de “parar”, para que pudessem ser escutadas e contempladas.

     Há pessoas, em particular entre os mais jovens, que não têm consciência desta necessidade invisível de construir e descobrir sentido. Com esta Parábola, somos também convidados a fazer pressentir a estas pessoas – como os nossos alunos –  este desejo oculto e poderoso.

    Ao longo do ano, com o novo tema “Deixa-te surpreender…” podemos abordar esta questão do sentido que se esconde na Palavra? Talvez também oferecendo-lhes espaços e momentos para se escutarem a si mesmos; naquele sentido em que Stº Agostinho definia a oração:

” – O que é a Oração? É o grito do teu desejo.” 

OE

O Natal de MARIA

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Imagem: Wikipedia – Public Domain Author: Giotto

     O Tema deste ano, no nosso Colégio, é: “Deixa-te Surpreender por esta História”. Com a Festa de hoje, que celebra o nascimento da Mãe de Jesus, podemos deixar-nos surpreender, pois, na fé cristã, relacionamo-nos, em geral, com a pessoa de Maria na sua função adulta, como Mãe de Jesus ou como nossa Mãe num sentido espiritual, mas não menos afetivo.

     Raramente pensamos a Mãe de Deus como uma bebé, que nasceu como nós, enchendo também de alegria o coração de seus pais.

     A data deste aniversário não ficou inscrita em nenhum documento histórico, de modo que nos resta apenas a força viva da Tradição, apontando já desde o século VII,  para este dia, 8 de Setembro, como o tempo apropriado para a celebração.

      Esta abordagem surpreendente da pessoa da Virgem Maria, que hoje veneramos na contingência  radiosa do seu próprio nascimento, é insuperavelmente interpretada nas palavras que Georges Bernanos (1) coloca na boca de uma personagem:

    ” – Ela é nossa mãe, já se sabe. Ela é a mãe do género humano, a nova Eva. Mas é também a sua filha. O mundo antigo, o doloroso mundo, o mundo de antes da Graça embalou-a durante muito tempo sobre o seu coração desolado – durante séculos e séculos – na expetativa obscura, incompreensível, de uma virgem-mãe… Durante séculos e séculos, ele protegeu com as suas velhas mãos carregadas de crimes, as suas pesadas mãos, a menina maravilhosa. Uma menina pequenina, esta rainha dos Anjos! E ela permaneceu assim, não o esqueças!

[…]

    O olhar da Virgem é o único olhar verdadeiramente infantil, o único verdadeiro olhar de criança que jamais se pousou sobre a nossa vergonha e a nossa desgraça. Para rezar-lhe bem é preciso sentir este seu olhar de terna compaixão, de dolorosa surpresa, de não sei que outro sentimento inexprimível, que a torna mais jovem que o pecado, mais jovem do que a própria raça de onde surgiu, e, que, embora seja Mãe por Graça, Mãe das graças, permanece a filha mais nova de todo o Género Humano.” 

         (1) “Diário de um Pároco de Aldeia” – George Bernanos

OE