Entre Mar e Céu

     Redningsskøyta RS 135 "Kaptein Egil J. Nygård" i grov sjø

Mads Henrik via Compfight

    Dedicado a Carolina, Mafalda e André

      Íamos a bordo de um luxuoso cruzeiro que devia atravessar o Atlântico em cerca de três semanas. Todas as manhãs, estávamos as três, a Meg, a Carol e eu a bronzear no convés, à beira da piscina azul turquesa do navio, esplendidamente servidas por empregados atenciosos que satisfaziam os nossos mínimos desejos com um sorriso encantador.

     O Piloto do navio, um velho amigo do nosso Grupo, Andrew, tinha-se formado em engenharia naval com distinção e fazia a sua primeira travessia oceânica. Por vezes, tínhamos o privilégio de o irmos visitar à cabine de comando e ele explicava-nos entusiasticamente o funcionamento daquela quantidade de radares, alavancas e botões brilhantes.

     Carol e Meg passavam os serões na pista de dança, para gáudio dos músicos a bordo, pois elas eram exímias em hip-hop e dnça-jazz, atraindo à discoteca uma multidão de passageiros.

     Contudo, no início da 2ª semana, o sol forte e a mansidão das ondas que nos vinham embalando começaram lentamente a transformar-se : nuvens encasteladas de um cinza escuro e ameaçador, ondas que refletiam a rapidez dos ventos de noroeste, raspando o convés com suas rendas de espuma e transindo os passageiros com um arrepio de medo e de frio que nada deixava pressagiar de bom.

      Andrew, o nosso amigo querido, não sáia da cabine, branco como a cal, o coração inquieto, contatando desesperadamente por telégrafo todos os barcos em redor: mas nada! Não recebia respostas, parecia que estávamos isolados no meio do Oceano feroz.

      Nessa noite, as vagas alteraram-se: subiram a mais de 15 metros e a proa do navio mergulhava a pique no vazio de cada onda. Foi então que aconteceu o terrível: em plena noite, à luz de um relâmpago incendiário, Andrew viu erguer-se à frente do navio os dentes escarpados de um rochedo vulcânico que emergira do mar há milhares de anos.

     Tínhamos saído da nossa rota e estávamos prestes a chocar com a costa rochosa de uma ilha dos Açores! Que iria acontecer? Carol, Meg e eu abraçámo-nos no camarote escuro, suspensas entre o Mar e o Céu.

Improviso para um tema: “Tempestade”.

OE

Acampamento Kikiwaca – A Quinta Inesquecível

 

Praia do Meco

Hans Pohl via Compfight

Dedicado aos Aprendizes da Oficina do 5C e seus Convidados: Alexandre, André, Madalena e Carolina.

     Os quatro amigos foram acampar na Quinta do Miguel, na praia do Meco que é da mãe do André, lá para o Sul do Tejo.

     O André montava as tendas com especial perícia. O Alexandre sabia truques com cordas e fez uma escada para subirem e descerem da árvore.

     As duas amigas inseparáveis prepararam um petisco de salsichas espetadas nuns pauzinhos e tostadas numa fogueirinha improvisada.

     Quando subiu no céu uma lua imensa – pois era Páscoa – os quatros amigos reunidos à volta do fogo escutavam os ruídos da noite: uma coruja branca piava, ouviam-se pequenos seres rastejantes por trás dos arbustos e uma jovem raposa veio espreitar a Carolina, puxando-lhe um bocadinho pelo cabelo.

     Foi então que o André se pôs a tocar no seu miniteclado portátil e toda a floresta pareceu silenciar para escutá-lo.

(Exercícios Criativos: improviso para Projetos de Férias)

O E