“Sei Lá”

    http://aa.com.tr/en/middle-east/turkeys-refugee-camp-for-aleppo-civilians-gathers-pace/707687Imagem: AA.Com 

     ” – Sei lá” – sugeriu a Madalena, quando lhe pedi um tema enquanto ela própria escrevia, a alta velocidade o seu exercício de escrita criativa.

     “Sei lá” – há tanto que não sabemos e sobretudo o que nunca chegaremos a “saber” para crescer e tornar-se mais livre em relação ao sentido do nosso percurso de vida. Que importa? O verdadeiro verbo que abre a vida não é “saber”. Talvez os verbos “conviver”, “pressentir” e “confiar” nos transportem para muito mais perto desse “lá”.

    “Sei lá” – mas não, precisamente, não sabemos o “lá”. Ele não constitui objeto de saber, mas apenas de expectativa incondicional. “Lá”  é mais longe do que podemos alcançar com a visão e exerce sobre nós um poderoso influxo de atração que pulveriza todo o nosso “saber”. Sim, é a esse preço. Um empobrecimento total do que pensávamos prender nas mãos com segurança, mas para poder abri-las com liberdade.

      Todo o ser em movimento para um futuro ainda não desenhado nem previsto, mas que pode ser antecipado por gestos inauditos. Por exemplo: partilhar tudo, sem prévia escolha, quase como num “rapto”.

     Não disse um “roubo” – só se pode roubar o coração. E “lá” tem a ver com as terras perdidas do coração, território luminoso por desbravar, mas que visto desde o nosso saber, parece obscuro e arriscado, quase como se nos fosse deixar á míngua de ser.

    Mas não: deixa-nos à míngua de ter e de parecer, e isso custa-nos mais experimentar: “lá” jorram as fontes da incerteza viva, da alegria sem motivo, do convívio que não tem fim. “Lá” é a pátria de toda a gente e podemos refugiar-nos nas suas tendas de campanha que deixariam siderados os habitantes dos palácios. Porque essas tendas são acolhedoras e estão tecidas à prova de intempéries.

     “Lá” o sono é repousante, e multiplicam-se, à entrada das tendas, conversas sem fim sob as estrelas. Quem “sabe” se também nós chegaremos, ousadamente, a habitar “lá”?

(Exercício do livro “Quero Ser Escritor” de Margarida Fonseca Santos e Elsa Serra

OE

O Dizer do Sentir

https://getstencil.com/app/savedImage: Stencil      

       A Vida é como um vulcão em erupção: com altos e baixos, mas temos de os superar. A Vida não é um sentimento que se escreva em três linhas, mas um sentimento que se vive desde que nascemos até que morremos.

     O sorriso é como uma árvore cheia de frutos, dá muita alegria; só um sorriso pode valer tudo; o sorriso é transmitido a quem o capta.

     O olhar límpido parece-se com uma cascata: ela nunca para, está permanentemente a voar, se ela parar, explode. É como no olhar límpido: temos de dizer o que achamos sem medo de avançar e sofrer as consequências.

     O amanhã ninguém o espera, mas é como uma estrada cheia de pedras, nunca sabemos se vamos cair ou se vamos ficar intactos.

Federica V, 7C

Ágeis mas Perigosas

asleep ( #cc )Creative Commons License Martin Fisch via Compfigh

      Pelas florestas do mundo há criaturas que o mundo desconhece, ou melhor, que não quer conhecer. Ninguém imagina como são, mas eu sim, imagino-as ágeis e perigosas.      

     Ágeis, porque se escondem de todos, sabendo que o medo um dia vai acabar e que os humanos vão descobri-las e estudá-las, há umas que falam e que lêem e, claro, não podem faltar as gigantes sementes ou as minúsculas abelhas.

     E são perigosas: algumas sentem uma espécie de poderes mágicos, mais perigosos do que podes imaginar…

      E se encontrares uma, não te esqueças que são seres como tu, que sentem, que ouvem, que falam e que, apesar de não viverem da mesma maneira que tu, não as estudes. Porquê?

     Oh, “porquê?” é a minha pergunta preferida, mas a tua resposta, só tu a podes encontrar dentro de ti… Gostavas de ser estudado num laboratório a caminho da morte perpétua?

     Pelas florestas do mundo há criaturas e, não te esqueças, elas são ágeis e perigosas.

Francisca, 7A

(convidada da MadalenaC)

Ágeis mas Perigosas

Last Image Of The Day.

John T Howard via Compfight     

     Dedicado a Madalena C e sua convidada Francisca

     Ágeis mas perigosas: são como corças saltando na pradaria, mas não alcançáveis por uma chita.

     Férteis, nas suas iniciativas que não se podem imitar, povoam o seu domínio com momentos agradáveis, totalmente abertos, mas onde quase ninguém ousa entrar.

     São ágeis para desencadear surpresas, mas perigosas para quem as tente dominar.

     Galopam incansáveis, pelo puro prazer do movimento, não por perseguirem qualquer fim obscuro: encontram na amizade o sentido que lhes basta para a celebrarem assim na correria livre da Alegria.

     Preferem o terreno macio, bem calcado, mas pode ser inédito, nunca antes palmilhado, pois fazem do desconhecido o seu oásis.  Elas também descansam, por vezes, quando as noites baixam sob o peso das estrelas e lhes parece que basta estender um braço para colhê-las. Então ficam a pairar no imenso azul cintilante e deixam que do coração lhes brotem os segredos que mais ninguém suspeita.

     Perigosas na maneira como defendem a sua própria verdade: qualquer pessoa que se aproxime terá de enfrentar-se com a espada do seu olhar límpido.

 

Exercício inspirado no livro “Eu Quero ser Escritor” de Elsa Serra e Margarida Fonseca Santos

OE

O Rogério

Probing

Chris Blakeley via Compfight

     O Rogério era um alien do planeta Candeeiro; tinha o tamanho de uma tampa de caneta. Eu e a Stora Inês estávamos a estudar Matemática e, de repente, aparece um alien do Candeeiro com uma pistola dos Legos e disse-me:

     – Dá-me o teu chocolate!

    Eu respondi logo:

     – Toma toma, todo!

     Passados uns minutos, ouvem-se uns barulhos do Candeeiro e a Stora decide ligar o candeeiro durante dez minutos.

     Passado um bocado, sai de lá o Rogério, a gritar:

     – Vou-vos matar!

     – Vamos fugir, Stora! – Disse eu.

     A Stora concordou. Um dia depois, a Stora foi lá e estava na oficina uma família de Aliens Rogérios.

Manuel D, 7C

O Regresso da Aldeia Secreta

The Hidden Mountain Village

Christian Ortiz via Compfight

Dedicado a Vasco E

     Vasco e Rita tinham chegado há pouco tempo à estação de comboios, mas ela parecia adormecida de cansaço porque havia uma espécie de muralha em forma de pente que lhes tinha sido difícil escalar até chegarem ali.

      Vasco não se importava; junto dela o tempo tinha perdido a pressa; o seu relógio escorregava, flácido, no pulso; ficar a olhá-la era já a eternidade.

     Contudo, estavam ambos perdidos e sabiam-no. A sua viagem na Amazónia resultara numa descoberta fulgurante que, no entanto, não poderiam partilhar com ninguém.

      Uma aldeia – sim, uma aldeia secreta e desconhecida, tanto do largo mundo como das autoridades, como até da comunidade científica: uma aldeia virgem, povoada de nativos que os tinham acolhido fraternalmente e viviam ainda num estado primitivo de felicidade.

     Agora, de volta à Civilização, extenuados pela dureza da jornada, sabiam que mais este segredo os unia, que só com amigos muito especiais o poderiam partilhar e isto tornava Rita ainda mais encantadora e insubstituível para Vasco.

OE

(Exercícios Criativos: escrever sem parar durante 6 minutos a partir de um tema dado pelo colega – do livro de Margarida Fonseca Santos)