Ó Tu, O Para Além de Tudo…

O céu,  em profundidade, por entre as nuvens distinguem-se  raios de luz azul clara e a chaga do lado em  azul mais escuro

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Ó Tu, o além de tudo.

Como te dar outro nome?

Que hino pode cantar-te?

Não há palavra que te expresse.

Que espírito te apreende?

Não há inteligência que te conceba.

Só Tu és inefável;

Tudo o que é dito, de ti é que saiu.

Celebram-te todos os seres,

Os que falam e os que são mudos.

Prestam-te homenagem todos os seres,

Os que pensam e os que não pensam.

A ti aspiram o desejo universal

E o gemido de todos,

Tudo o que existe te invoca,

E todo ser que em teu universo sabe ler,

A ti eleva um hino silencioso.

Tudo o que permanece, só em ti permanece.

O movimento do universo em ti se finda.

De todos os seres, Tu és o fim.

Tu és o único.

Tu és cada um, e não és nenhum.

Não és um só ser, tampouco o conjunto.

Tens todos os nomes:

Como te chamarei?

És o único a quem não se pode nomear;

Que espírito celeste poderá penetrar as nuvens,

Que velam o próprio céu?

Tu, o além de tudo, oh! Tem piedade;

Como chamar-te por outro nome?

Gregório Nazianzeno (330-390)