O Banquete dos Pobres

parabole-invites-noces

Imagem: Gentillesse de  L’Actualité de Béthanie

    Esta parábola do Reino fala-nos de uma imensa festa  que os primeiros convidados recusaram mas que foi devidamente apreciada pelos sem-abrigo, doentes e desempregados.

     Ela foi ocasião de escuta e de partilha para o nosso Grupo de educadores, à sombra dos pinheiros do Seminário Espiritano, no prelúdio do novo ano letivo: em primeiro lugar, comentámos diversos sentidos aparentes na história; em seguida tentamos escutar o seu eco em nossas vidas. 

   Para nós, sobressaiu o contexto de liberdade em que a breve narrativa se desenrolou: iniciativa desinteressada do Senhor da Festa, opção assumida sem coação, tanto por aqueles que recusaram como por aqueles que aceitaram.

    Em seguida, apreciamos a atitude de perseverança  de quem convida, não se deixando desanimar pelas primeiras recusas, bem como a atitude de humildade de quem aceita sabendo que não pode retribuir; as diversas recusas, por sua vez, expressavam um juízo de valor, segundo o qual o contexto que envolvia os convidados lhes parecia mais importante, ou a nova situação a que podiam aceder lhes parecia banal.

      Na nossa vida, quantas vezes não queremos abrir mão de aceitar um convite, porque estamos cansados ou não queremos afastar-nos das nossas tarefas. E, frequentemente, descobrimos, depois de termos ido, como a experiência foi enriquecedora e como o convívio com os outros nos encheu o coração.

     Também, por vezes, cumprimos um convite por fidelidade à palavra dada; para não desiludirmos os outros; para não deixarmos um lugar vazio, sem motivo, no coração da festa.

     As diferentes interpretações que escutamos desta mesma Parábola também ampliaram o nosso horizonte: numa abordadgem superficial, ela pode parecer bem conhecida, mas na partilha testemunhamos como se libertam novos sentidos.

     Esta Parábola, com as diferentes interpretações que a acompanharam naquela manhã, exigiram de nós a difícil atitude de “parar”, para que pudessem ser escutadas e contempladas.

     Há pessoas, em particular entre os mais jovens, que não têm consciência desta necessidade invisível de construir e descobrir sentido. Com esta Parábola, somos também convidados a fazer pressentir a estas pessoas – como os nossos alunos –  este desejo oculto e poderoso.

    Ao longo do ano, com o novo tema “Deixa-te surpreender…” podemos abordar esta questão do sentido que se esconde na Palavra? Talvez também oferecendo-lhes espaços e momentos para se escutarem a si mesmos; naquele sentido em que Stº Agostinho definia a oração:

” – O que é a Oração? É o grito do teu desejo.” 

OE

Deixar uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *